Geralmente parte-se do pressuposto que religião e política não se discute. Há algum tempo eu venho mudando a minha opinião sobre tal afirmação. Ouvi de um amigo que “religião não se discute, mas política deveria ser discutida, quem sabe assim o país não estivesse como está politicamente: um lixo e sem esperança”; a partir de então venho pensando nisso. Sobre a idéia de que religião na se discute, com essa eu ainda concordo. Religião é um assunto delicado, gera controvérsias e discussões calorosas, portanto focarei novamente os fatos da História.
No Brasil existe uma infinidade de religiões, cultos e figuras santificadas ou santos milagreiros. Cada região possui os seus e alguns deles são nacionalmente reconhecidos. No Nordeste, uma das figuras mais importantes, senão a mais importante delas, é Cícero Romão Batista, ou Padre Cícero, ou Padim Ciço. Cícero Romão nasceu em Crato, no Ceará, em 1844, e logo cedo se interessou pela religião e aos doze anos já tinha feito seu voto de castidade. Aos dezesseis anos estudava no Colégio do Padre Rolim, em Cajazeiras, mas teve de voltar para Crato devido a morte do pai.
Em 1865, Cícero ingressou no Seminário de Fortaleza e cinco anos depois foi nomeado sacerdote. Foi somente em 1871 que Cícero celebrou sua primeira missa – a hoje famosa Missa do Galo – como convidado, na cidade de Juazeiro. As pessoas gostaram tanto de Cícero, e ele da cidade, que mais tarde retornaria a ela de mala e cuia, com toda a família, e seria responsável pela capela. Dizem que Padre Cícero teria se estabelecido em Juazeiro devido a uma visão que tivera; nesta visão estaria Jesus e os doze Apóstolos, como na figura da Santa Ceia – quando começa a entrar uma multidão de pessoas, as quais Padre Cícero teria visto como retirantes nordestinos, e os quais Cristo teria colocado sob cuidados de Padre Cícero.
Fato é que a pequena cidade era tranqüila, mas fora abalada pelo evento ocorrido em 06 de março de 1889. Nesta data Padre Cícero realizava a costumeira missa, quando na entrega das hóstias, a beata Maria de Araújo não conseguiu engolir sua hóstia por esta ter se transformado em sangue. O fato continuou a acontecer e passou a ser considerado como um milagre pelos devotos. Logo a cidade de Juazeiro passou a ser ponto de romaria, o que chamou atenção das autoridades eclesiásticas que logo intervieram. O bispo do Ceará, dom Joaquim José Vieira, solicitou ao padre Cícero Romão um relatório sobre o acontecido. O bispo Dom Joaquim José Vieira, pediu para que o caso fosse investigado e como resultado sua comissão afirmou que não houve milagre, mas que tudo não havia passado de enganação. Padre Cícero teve de viajar à Roma para tentar resolver a situação, mas no final das contas foi proibido de celebras as missas. Mesmo assim não deixou de atender os romeiros em sua casa, nem de celebrar missa em sua capela .
Padre Cícero faleceu em 1934 e mesmo rejeitado pela Igreja, Padim Ciço é venerado em todo o Nordeste Brasileiro e a ele são atribuídos milagres e curas inexplicáveis.
Padre Cícero também se envolveu na política: sendo prefeito de Juazeiro, em 1911, e vice-presidente do Estado em 1923. Não podemos esquecer do fato que envolveu Padre Cícero, Lampião e a Coluna Prestes – informações que você encontra no Episódio 08 do Podcast Visão Histórica.
1 comentários:
Trata-se de um milagre eucarístico. Se porventura indica alguma santidade, esta é da beata Maria Magdalena do Espírito Santo Araújo, humilde, pura e obediente.
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